O ex Superintendente da PRF Ubiratan Roberto Di Paula, foi por 15 anos, Sup. da 16a. SPRF/CE. O Inspetor lamenta a falta de memória por parte de alguns companheiros que atualmente formam os quadros da Polícia Rodoviária Federal . Segundo ele – falta aos mais novos, o reconhecimento por aqueles que efetivamente muito lutaram para criar o Departamento de Polícia Rodoviária Federal vinculado hoje ao Ministério da Justiça. Ubiratan está aposentado do cargo desde 2011.
Ubiratan, é concursado da PRF da turma de 1973, ele lembra bem das suas primeiras caminhadas como patrulheiro rodoviário. “O salário era menor que o de motoristas de caminhão, os guardas eram subordinados ao antigo DNER (Atualmente DNIT) . As viaturas eram precárias, as perseguições por parte de dirigentes do DNER eram constantes. Os Patrulheiros há época não tinham autonomia, e toda ordem administrativa passava pelo pessoal do DNER que pouco estavam ligando para o desenvolvimento do guarda na pista”. Afirmou o inspetor. Sentindo desde cedo aquela situação, Ubiratan, inquieto e inteligente, tratou de arregaçar as mangas, viajando por todo o país, buscando apoio político e informação para tirar dos quadros do DNER os patrulheiros rodoviários, criando assim o próprio Departamento da PRF.
Conseguiram juntar um grupo com 12 Patrulheiros Rodoviários (PR) e através da liderança do então general Lourival Carrilho, passaram a visitar o congresso e setores da sociedade para à principio montarem a Secretaria Nacional de Trânsito, que seria ligada ao Ministério da Justiça. “A luta para conseguir esse aporte perante parlamentares foi imensa” afirmou o ex superintendente.
– Esses 12 patrulheiros, se empenharam de forma aguerrida para conquistar as assinaturas necessárias. Depois de 1 ano de luta, conseguindo o número necessário de assinaturas. A partir desse principio foi criada á Secretária Nacional de Estradas de Rodagem, em seguida a Diretoria de Trânsito e, … a estrutura regimental da Secretaria de Trânsito do Ministério da Justiça.
O próximo passo seria indicar um PRF para o cargo de diretor da Secretária recém ligada ao Ministério da Justiça, já que políticos indicados ocupavam esses cargos. Más ainda não era exatamente o ponto chave do desejo dos 12 que lutaram para uma Patrulha Rodoviária independente. Conta Ubiratan.
Inspetor Ubiratan e seus colegas, usaram de todo seu conhecimento político dentro do congresso e nos estados por onde passaram, para conseguir criar o tão almejado DPRF- Departamento de polícia Rodoviária Federal.
Tal objetivo só foi possível a partir de 1997 através do Art 114 da Lei 9.503/97 quando passou a ser chamado efetivamente de Departamento de Polícia Rodoviária Federal, vinculado ao Ministério da Justiça. A partir de então, várias transformação aconteceram. O Patrulheiro, passou a ser considerado policial de fato. Os concursos público para carreira de PRF passaram a ser mais rigorosos. Ubiratan foi o pioneiro na construção do Primeiro Centro de treinamento para Academia de Policial Rodoviário Federal, localizada na sede da 16ª SPRF em Fortaleza/CE. Fez a primeira e grande transformação logística da instituição, junto com Carrilho, comprando 500 novas viaturas e cinco helicópteros, todos conseguidos através da aprovação do Ministro da Justiça Renan Calheiros. Até então as viaturas eram todas sucateadas.
Ubiratan também tinha acesso aos amigos Anibal Gomes, Lúcio Alcântara, Tássio Jereissat, entre outros políticos que sempre o ajudaram na luta por melhores conquistas para a Polícia Rodoviária Federal. Criou como superintendente o Diploma ‘Amigos da PRF’ que agraciava políticos, empresários, comunicadores, como forma de aproximar a PRF de seguimentos da sociedade. Criou também a plaqueta, PRF do ano, como meio de incentivo aos PRF’s.
A magoa do Inspetor Ubiratan e de muitos daqueles que com ele, lutaram para ver a prosperidade da instituição, é por não ver o devido reconhecimentos dos mais jovens com esses guerreiros. Alguns até com despeito pelo sucesso conquistado de muitos dos veteranos.
Inspetor Ubiratan é hoje um empresário bem sucedido da área de transportes e concessionária, tradição da família que já desde antes dele se tornar um jovem guarda rodoviário, eram comerciantes do ramo.
A Polícia Rodoviária Federal se tornou uma das polícias mais efetivas e completas do mundo. Com liberdade de cada PRF para decidir e averiguar ilícitos e erros dos que transitam as estradas federais, assim como no combate ao crime organizado.
É importante que a memória daqueles que contribuíram para esse nível não sejam esquecidas pelo tempo. E que o respeito esteja sempre acima da autoridade.
C. Honci – Jornalista – revistaviaserodovias – 22 anos
